[Artigo] Instituto de Educação Sarah Kubitschek

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SARAH KUBITSCHEK

Por André Luis Mansur

Até o fim da década de 1950, as famílias da zona rural do Rio de Janeiro que quisessem ver suas filhas formadas como professoras precisavam enviá-las para o distante Instituto de Educação, na Tijuca. As normalistas, chamadas assim por cursarem a Escola Normal, faziam parte do ambiente do tradicional bairro da zona norte carioca, assim como os rapazes do Colégio Militar. Mais tarde seria criado também a Escola Normal Carmela Dutra, no também distante bairro de Madureira. Mas, por iniciativa do vereador Miécimo da Silva, a zona rural ganharia também a sua Escola Normal.

Miécimo da Silva, que dá nome a uma escola e ao maior centro esportivo da cidade, os dois no bairro de Campo Grande (além de uma rua em Guaratiba), estava no seu segundo mandato quando conseguiu aprovar o projeto de lei na Câmara dos Vereadores que criava a Escola Normal de Campo Grande, em 16 de dezembro de 1957.

O projeto, no entanto, só se tornou realidade em 3 de maio de 1959, quando o prefeito Sá Freire Alvim inaugurou a Escola Normal Sarah Kubitschek (em homenagem à primeira-dama do país na época, que compareceu à inauguração, junto com o presidente Juscelino Kubitschek) nas dependências provisórias da Escola Venezuela, no centro do bairro.

A sede própria só seria inaugurada em agosto de 1960, em um local onde havia um barracão de laranjas adaptado pelo governo do estado para abrigar as normalistas e o jardim de infância experimental, na Rua Augusto Vasconcelos. A sede atual, na Avenida Manoel Caldeira de Alvarenga, foi inaugurada na década de 70, já como Instituto de Educação e dirigido por Daisy Azevedo de Alvarenga.

Antes da criação da Escola Normal na região, outro problema diz respeito aos professores. Aqueles que iam dar aulas na zona rural, vindos de bairros mais próximos do centro da cidade e desgastados pela distância, acabavam, depois de algum tempo, pedindo, e conseguindo, transferência para escolas mais próximas de suas moradias, o que prejudicava o planejamento das aulas e a adaptação das crianças. Por isso, o projeto de lei de Miécimo da Silva previa que as professoras formadas em Campo Grande teriam que lecionar por pelo menos cinco anos nas escolas da região quando se formassem.

Os exames de admissão do Sarah, chamado carinhosamente assim pelos moradores depois que se transformou em instituto, eram dificílimos e logo surgiram cursos especializados na preparação dos candidatos, como o Cesário de Melo e o Riel, divulgados através de panfletos e de anúncios nos jornais locais. A candidata aprovada precisava passar por outros obstáculos: uma série de exames como “saúde bucal” e a abreugrafia, um exame radiográfico dos pulmões que muito contribuiu para o rápido diagnóstico da tuberculose, e que tinha esse nome em homenagem ao seu descobridor, o paulista Manuel Dias de Abreu.

O Sarah acabou formando uma espécie de elite de professoras na zona rural do Rio de Janeiro, com uma formação extremamente qualificada, que nada deixava a desejar em relação aos outros institutos de educação da cidade. A partir de 1962, começaram a ser admitidos rapazes nos institutos, mas as meninas até hoje formam a ampla maioria dos cursos.

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