Por André Luis Mansur
Em janeiro de 1960 o Campo Grande A.C. liderava o Departamento Autônomo, uma divisão da Federação Metropolitana de Futebol, ainda valendo pela edição de 1959, e iria enfrentar, no domingo seguinte, dia 10, o Oity, tradicional time do bairro.
“Com as honras de líder e favorito, o Campo Grande deverá consolidar domingo a sua posição. Muito terá que lutar, pois os rapazes do Oity esperam pregar uma surpresa no líder.” (Correio da Manhã, 6/1/1960)
O jogo foi realizado no antigo campo do Campo Grande, o chamado “campo grande velho”, próximo à FEUC, e foi vencido pelo time da casa por 5 x 2.
O Oity acabaria ajudando o Campo Grande duas semanas depois, quando derrotou o Paredense, de Vigário Geral, o principal rival do Campo Grande no campeonato, por 5 x 3, no dia 24 de janeiro, mesmo dia em que o Campo Grande derrotou o Confiança por 4 x 2. No dia 1º de fevereiro, o Paredense reassumiria a liderança, ao derrotar o Manufatura por 5 x 0, enquanto o Campo Grande era derrotado pelo São José por 2 x 1. No dia 8, O Paredense empatou com o São José em 3 x 3, enquanto o Campo Grande derrotava novamente o Oity, desta vez por 5 x 2, voltando à liderança junto com o Paredense.
O campeonato ainda teria mais duas rodadas. Na penúltima, no dia 14, enquanto o Paredense empatava com o Confiança em 3 x 3, o Campo Grande goleava o Manufatura por 8 x 1. A decisão seria no domingo, dia 21, entre Campo Grande e Paredense. No dia 17, o Jornal dos Sports anunciava “uma peleja que promete relevo e espetáculo. O Campo Grande leva a vantagem de jogar em seus domínios e um ponto sobre o seu adversário”. O jornal ainda advertia que “vai haver um grande policiamento porque é muito grande a rivalidade entre os dois citados clubes”.
Devido à importância do título, os dois clubes alugaram ônibus para o transporte dos jornalistas que iriam cobrir a decisão. Além disso, o Paredense contratou a Banda Lua de Ouro, de Duque de Caxias, para se apresentar antes da partida.
E deu Campo Grande, que na época era presidido por João Ellis Filho. Por 2 x 1, o clube da Zona Rural derrotou o Paredense, com gols de Daizinho, e sagrou-se campeão do Departamento Autônomo pela segunda vez (a primeira tinha sido em 1953). O Campusca foi escalado com Castilho, Dionísio e Harley. Nesinho, Zezé e Wildon. Valdo, Daizinho, Leozir, Mitinga e Mário. A renda, recorde no campeonato, foi de 64 mil e 500 cruzeiros. O outro clube do bairro, o Oity, se despediu de forma melancólica, perdendo de 9 x 1 para o Manufatura e terminando em último lugar.
Naquela década, o Campo Grande iria sair do futebol amador e passaria a disputar o Campeonato Carioca profissional.
* Foto do jornal Correio da Manhã – 6/1/1960 – Acervo da Fundação Biblioteca Nacional
