[Artigo] Waldyr Onofre e o filme que parou Campo Grande

WALDYR ONOFRE E O FILME QUE PAROU CAMPO GRANDE

Por André Luis Mansur

Um acontecimento que movimentou o bairro de Campo Grande foi a filmagem e, depois, o lançamento do filme “As aventuras amorosas de um padeiro”, em 1975, filme dirigido por Waldyr Onofre, morador do bairro e que, se não foi o primeiro, com certeza foi um dos primeiros diretores de cinema negros no Brasil. Além de atores como Paulo César Pereio, Maria do Rosário, Ivan Setta e Haroldo de Oliveira, o filme contou com uma grande presença de moradores de Campo Grande e da Pedra de Guaratiba, onde se passa a segunda parte do filme, ainda com suas águas limpas e uma grande frequência de banhistas. 

Assim, vemos no filme pessoas conhecidas no bairro, como o professor Moacyr Bastos, a atriz Vilma Camarate, o próprio Waldyr Onofre e o dramaturgo Odir Ramos, que escreveu, em sua coluna “Contra Regra”, no jornal PATROPI, alguns meses antes do lançamento: “Até o pessoal mais abastado, os comerciantes, profissionais liberais e altos funcionários. Está todo mundo lá, sem estrelismo, sem cachê, sem exigir nomes nos letreiros, dando conta do recado, ajudando ao Waldyr, que recebeu um apoio popular de fazer deputado da ARENA morrer de olho grande”. O filme foi produzido por Nelson Pereira dos Santos, que muito apoiou Waldyr em sua carreira.

Nascido na cidade de Itaguaí, em 1934, Waldyr Onofre (cujo nome de batismo era Waldyr Couto) começou no teatro na década de 60 e participou de produções importantes do teleteatro da TV Globo, como a adaptação da peça “O matador”, de Oduvaldo Vianna Filho, com direção de Sérgio Britto. Na mesma emissora, participou de novelas clássicas, como “Irmãos Coragem”, e no cinema, também atuou como ator em vários filmes, como “Cinco vezes favela”, “Macunaíma” e “Memórias do cárcere”. Waldyr contava que começou a estudar cinema por correspondência na Academia de Ciências e Artes Cinematográficas de Hollywood e foi frequentador assíduo dos cinemas de Campo Grande, onde começou a se interessar pela Sétima Arte, entre eles o Cine Progresso, na esquina das ruas Gianerini e Campo Grande, que funcionou de 1928 a 1966.

Waldyr morreu em 7 de janeiro de 2015, sendo sepultado no Cemitério de Campo Grande. Nos seus últimos anos de vida, deu aulas de teatro na Lona Cultural Elza Osborne e em outros lugares do bairro, sempre passando sua rica experiência para os mais jovens. Tive o prazer de, junto com o professor Moacyr Bastos, viajar com Waldyr, em 2010, para a cidade de Rio das Flores, no Estado do Rio, onde o homenageamos com a exibição de um documentário sobre a sua vida e a inauguração do Cineclube Waldyr Onofre.

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