Por André Luis Mansur
O jornal “A Noite” anunciou, na edição de quarta-feira, 3 de julho de 1940, que no sábado seguinte, dia 6 de julho, “será inaugurado em Campo Grande o Hospital Rocha Faria, às 11 horas, com a presença do Sr. Henrique Dodsworth e outras autoridades”. O hospital seria administrado pela prefeitura do Rio de Janeiro, na época distrito federal, e seria “dotado de todo o conforto e instalado com os requisitos modernos da medicina”. Henrique Dodsworth era o prefeito do Rio de Janeiro e a inauguração teria a presença do próprio presidente da República, Getúlio Vargas. A sede do governo federal era o Palácio do Catete, na rua do Catete, Zona Sul do Rio, que hoje é um museu.
Entre diversas autoridades, também estavam presentes na inauguração o padre Olympio de Mello, presidente do Tribunal de Contas, o temido major Filinto Müller, chefe da Polícia Especial, o Secretário Municipal de Saúde e Assistência, o coronel Jesuíno de Albuquerque, e o médico Roberto Pessoa, que seria o primeiro diretor do Rocha Faria, hospital que abrigava “ambulatórios das diversas especialidades, enfermarias de clínica médica e cirurgia, serviços de pronto socorro e todos os serviços gerais de um moderno hospital” (A Noite, 6/6/1940). Foi bastante divulgado também o nome da empresa responsável pelo fornecimento de energia elétrica ao hospital, a firma Walter Fernandes % Cia Ltda. O hospital foi construído no centro de um amplo terreno, numa pequena elevação, o que lhe proporciona “um maior destaque das elegantes linhas de arquitetura rústica”.
Na Europa, estávamos em plena II Guerra Mundial e, aqui no Brasil, vigorava, desde 1937, a ditadura do Estado Novo, comandada por Getúlio, que chegou à inauguração por volta de meio-dia e lançou a pedra fundamental de um novo pavilhão do hospital, que teria
capacidade para mais cem leitos. O chefe de Estado também participou da inauguração do busto de Rocha Faria, o médico homenageado no nome do hospital. Após a cerimônia, Getúlio, acompanhado do prefeito, seguiu para a Fazenda Modelo, em Guaratiba, que era administrada pela prefeitura e onde foi servido um churrasco. Hoje, tanto o hospital quando a Fazenda Modelo são administrados pela prefeitura. A Fazenda abriga e cuida de animais abandonados.
O hospital seria muito utilizado já no seu primeiro ano, como em setembro, quando um táxi, cheio de passageiros e que trafegava na Estrada Rio-São Paulo, na altura do bairro de Senador Vasconcelos, foi abalroado por um outro veículo numa curva e capotou cinco vezes. O motorista que provocou o acidente fugiu e, apesar da gravidade, só duas pessoas se feriram levemente, o motorista e um passageiro, que “foram medicados no Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, retirando-se após para as respectivas residências” (A Noite, 23/9/1940).
Fotos:
* O hospital na época da inauguração (A Noite, 6/7/1940)
* Getúlio Vargas (A Noite, 7/7/1940)
