[Artigo] Inaugurado o Posto de Assistência de Campo Grande (1933)

Por André Luis Mansur

No dia 13 de agosto de 1933, um domingo, foi inaugurado o Posto de Assistência Pública Municipal de Campo Grande, com a presença do Interventor Federal, Pedro Ernesto, e do Diretor Geral da Assistência, Gastão Guimarães, entre outras autoridades. Os oradores oficiais foram Othon Costa e Manoel Caldeira de Alvarenga, político muito influente no bairro. Junto com a inauguração do Posto, foi lançada também a pedra fundamental do hospital que seria construído naquele mesmo local, o atual Rocha Faria, inaugurado sete anos depois, com o nome de Hospital Regional Policlínica de Campo Grande. O lançamento foi feito na praça D. João Esberard, em frente à Igreja de Nossa Senhora do Desterro.

Pedro Ernesto e sua comitiva chegaram às 11 horas da manhã, de trem, e, segundo o jornal “A Nação”, “os habitantes de Campo Grande prepararam-se festivamente para receber sua senhoria e comitiva, enfeitando as ruas com bandeiras e arcos feitos com folhas de mangueiras. A população mostrava-se satisfeita por se tornar realidade o que há muito desejava: um Posto de Assistência para o seu próprio bairro” (A Nação, 15/8/ 1933). Até então, a maior parte dos casos no bairro era encaminhada para o Posto de Assistência do Méier ou, então, nos casos mais graves, para a Santa Casa da Misericórdia, no centro da cidade.

Discursos foram feitos por Hélton Veloso, que se tornaria uma pessoa de grande importância no bairro, dono do tradicional Colégio Belisário dos Santos (infelizmente demolido em 2014, dando lugar a um estacionamento), Alba Canizares do Nascimento (nome hoje de uma escola em Inhoaíba), em nome das mães do bairro, além de Lourenço Brasil e Oliveira Santos, médicos do Posto de Assistência. Após a solenidade, todos se dirigiram à sede da Associação Recreativa de Campo Grande, onde “foi servido um lauto almoço para mais de cem talheres, falando diversos oradores” (A Nação, 15/8/ 1933). Após o almoço, Pedro Ernesto e sua comitiva voltaram ao centro da Cidade, novamente de trem.

Naquele mesmo ano, o interventor também iria inaugurar os postos da Penha, da Ilha do Governador e de Paquetá. Para justificar as inaugurações, o jornal “A Noite” publicava, no dia 12 de agosto, a reportagem “Ampliando os serviços de assistência nos subúrbios”, na qual dizia que “o programa que temos em vista executar, de reformas de serviços de socorro à população carioca, até agora votada ao mais completo abandono, principalmente na parte onde habita gente que não tem o bafejo da fortuna, é para se aceitar com todas as simpatias”.

Cinco dias depois da inauguração, em 18 de agosto, o Posto de Assistência de Campo Grande iria atender um menino chamado Leonel, de 8 anos de idade, residente à rua do Governo, em Realengo. Ele  levava sua cabra para pastar, com a corda amarrada à cintura, quando o animal saiu correndo, arrastando o menino pela corda. Atendido no Posto, o menino sofreu apenas ferimentos leves. Um caso típico da região que então era chamada de Zona Rural do Rio de Janeiro.

FONTES CONSULTADAS:
– Revista da Semana (26/8/1933)

– A Noite (12/8/1933)

– A Nação (15/8/1933)

– A Reforma Pedro Ernesto (1933): Perdas e Ganhos para os Médicos do Distrito Federal

Claudia Regina Rodrigues Ribeiro Teixeira

Programa de Pós-Graduação em História das Ciências da Saúde da Fundação Oswaldo Cruz


– Saúde e Política no Rio de Janeiro de Pedro Ernesto (1931-1936)

Wesley Rodrigues de Carvalho

Dissertação de Mestrado em História para a Universidade Federal Fluminense (UFF)

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