[Artigo] Encampados os bondes Campo Grande-Guaratiba

[Artigo] Encampados os bondes Campo Grande-Guaratiba

Por André Luis Mansur

O jornal “A Nação” anunciava, na edição de 17 de fevereiro de 1937, a encampação dos bondes Campo Grande-Guaratiba. De acordo com o Conselho Geral da Prefeitura, o cônego Olympio de Mello, prefeito interino, assinou o decreto, que “manda avaliar o material da companhia, podendo a Prefeitura utilizar o mesmo no restabelecimento do tráfego a ser feito uma vez rescindido o contrato amigavelmente dentro do prazo de 30 dias” (A Nação, 17/2/1937). Para atender ao novo encargo, a prefeitura foi autorizada pelo Conselho a emitir, se necessário, 3 mil contos de réis em apólices, a juros de 6%, resgatáveis dentro do prazo de oito anos.

A medida foi tomada devido às muitas reclamações do serviço de bondes entre Campo Grande e Guaratiba, ao estado dos veículos, dos trilhos e do descaso da Companhia com passageiros. Um ano antes, houve um atrito entre os dirigente da Companhia e a Prefeitura devido à interrupção do tráfego, provocado pelas chuvas de março. O Conselho Geral determinou, no dia 17 de junho, que a prefeitura deveria custear, junto com a Companhia, os serviços de reparo desta natureza, conforme estava no contrato. O conselheiro Cumplido de Sant´Anna requereu ao Conselho a nomeação de uma comissão para vistoriar as codições em que se encontram os serviços da Companhia.       

Treze anos depois da encampação, a Câmara dos Vereadores criou a Lei do Passe Estudantil gratuito na linha de bonde de Campo Grande, para o Largo da Ilha, Pedra de Guaratiba e Rio da Prata do Cabuçu. A Lei, no entanto, não estava sendo cumprida pela Prefeitura, o que fez com que o vereador Earlett Jones pedisse que os componentes da Mesa da Câmara solicitassem ao prefeito os motivos do não cumprimento da lei.       

Uma outra medida que seria tomada pela prefeitura, após a encampação, na Companhia dos Bondes de Campo Grande, era a instalação dos trolley-bus, um ônibus elétrico, que chegou a ser utilizado no Centro do Rio de Janeiro. A população o chamava de chifrudo, já que ele era ligado aos cabos elétricos através de um dispositivo no teto, que lembrava um chifre. Mas esta medida acabou não se concretizando em Campo Grande.

Fontes de pesquisa:
A NAÇÃO 18/6/193617/2/1937
TRIBUNA DA IMPRENSA22/4/1950
Legenda da foto:
Visita do Interventor do Distrito Federal, prefeito Pedro Ernesto, às linhas de bonde da
Companhia Campo Grande – Guaratiba, em 5 de novembro de 1931 (Careta, 21/11/1931).

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