Por André Luís Mansur
O jornal “Esporte Ilustrado”, na edição de 24 de maio de 1956, traz uma reportagem sobre o Campo Grande Atlético Clube, contando um pouco da sua História, mostrando o seu aspecto atual e os projetos, como a construção do estádio em uma grande área doada por um comerciante muito conhecido no bairro:
“A doação foi feita pela família DEL CIMA, cujos membros resolveram comprar uma propriedade na Av. Artur Rios e doá-la ao clube.
Em reconhecimento ao nobre gesto o Campo Grande A.C. dará o nome de ITALO DEL CIMA ao seu futuro estádio, chefe da tradicional família.
Comerciante dos mais conhecidos e homem de grande visão, Italo Del Cima muito auxiliou o Campo Grande para tornar-se uma entidade sólida e progressiva” (Esporte Ilustrado, 24/5/1956).
Time do Campo Grande A.C. Da esquerda para a direita: Massagista Alípio, Guilherme, Padrão, Alan, Tião, Zezé, Gilson, Modesto (técnico) Agachados: Naldo, Harley, Paco, Luiz e Lica
Segundo o jornal, o novo estádio teria 22 mil lugares em uma área de 18 mil metros quadrados. A parte social seria coberta e o estádio teria duas entradas, uma pela Artur Rios e outra pelo lado da estrada de ferro. As obras terão início assim que o aterro estiver concluído. “A fachada do estádio será custeada pelo desportista Armando Del Cima. Para a realização de tão importante obra o Campo Grande conta com o apoio moral e material do comércio, do povo da zona rural e desde já vem obtendo o incentivo da Engenheira-Chefe do 14º Distrito de Obras, dra. Elza Pinho Osborne” (Esporte Ilustrado, 24/5/1956).
O estádio foi construído e o Campo Grande passou a disputar seus jogos lá alguns anos depois, mas a capacidade projetada de 22 mil lugares só seria obtida com as obras do final da década de 70, já na gestão de Olídio Rodrigues.
A reportagem fala de outros clubes de futebol que surgiram antes no bairro, como o Paladino, de 1915, que daria origem ao Tupi Federação Clube, e que acabaria dando origem a um primeiro Campo Grande A.C., que “teve seu desenvolvimento tolhido, haja vista a falta de gramado onde pudesse efetuar suas partidas” (Esporte Ilustrado, 24/5/1956). O jornal “A Razão”, por exemplo, na edição de 14 de agosto de 1917, fala de um jogo da então Liga Suburbana de Foot-Ball: “Em match oficial desta Liga, encontram-se domingo próximo os dois clubes mais fortes da atual temporada: Campo Grande e S.Thiago”. A partida, segundo o jornal, teria lugar “no esplêndido ground do Campo Grande (…)” (A Razão, 14/8/1917).
O novo Campo Grande A.C. seria inaugurado em 13 de junho de 1940. Três anos depois ele passaria a fazer parte da Federação Metropolitana, o chamado Departamento Autônomo. O clube disputou, e perdeu, uma “melhor de três” com o Irajá para tentar o acesso à 2ª Divisão, mas como o Irajá não tinha uma Praça de Esportes, o Campo Grande acabou assumindo a vaga, disputando a 2ª Divisão até 1947, quando voltou ao Departamento Autônomo, onde foi campeão, além de ganhar a Taça Eficiência e a Taça Disciplina.
Jogo Campo Grande x Distinta, clube de Santa Cruz
Alguns jogadores que se destacaram no Campo Grande nestes seus primeiros anos: Hélio Manoel da Silva (Gambiarra), Jorge F. Rosa (Fidélis), Walter Cena, Jorge Morais, Luis Maia Botelho (Luisinho), Harley Gama, Jorge Lima Filho (Nanico), Hermínio Dantas de Faria, Wilson Santos e José do Nascimentos. A reportagem também fala de alguns presidentes que haviam passado pelo clube, sendo que alguns voltariam ao cargo: Pedro Burim, Mário Rangel, Helton Veloso, Luis Passos Soares, Gentil Reis e João Ellis Filho. O Campo Grande também costumava excursionar por outros estados, como Minas Gerais e São Paulo, e também para o interior do Rio de Janeiro.
Seu quadro social era “composto de 470 sócios contribuintes, 90 remidos, 23 proprietários. Dentre as mais renomadas figuras que participam do quadro social do clube destacamos Carlito Rocha, renomado esportista brasileiro” (Esporte Ilustrado, 24/5/1956).
