Por André Luis Mansur
Já escrevi aqui sobre o Hospital Rocha Faria, inaugurado em Campo Grande no ano de 1940, com a presença do então presidente da República, Getúlio Vargas. Volto ao tema agora, mas desta vez falando de seus muitos problemas, 12 anos depois, em 1952. O diretor do Hospital era o Dr. Mário Barbosa, que foi intendente municipal (cargo equivalente ao de vereador hoje) e uma figura muito conhecida em Campo Grande – é nome de uma rua no centro do bairro.
A reclamação maior era em relação ao baixo orçamento do hospital. Havia pouco dinheiro para vestuário e roupas de cama, remédios e instrumentos cirúrgicos. A maternidade tinha apenas 35 leitos e no Departamento de Cirurgia 40 leitos de homem e 30 de mulher, o que, segundo a direção, era muito pouco, já que o hospital atendia pessoas de toda a Zona Rural e até de outras cidades, como Itaguaí. Das quatro ambulâncias do hospital, apenas duas funcionavam. O hospital mantinha um posto de saúde em Bangu, mas só tinha uma ambulância.
O diretor do Centro Cirúrgico do Hospital, Dr. Glaucius Cajati, reclamava da burocracia da prefeitura para a compra de material, como no caso de bisturis elétricos, cujo pedido demorava de cinco a sete meses. “Não sabemos porque a verba de 10 mil cruzeiros, por trimestre, nos deixou de ser paga. Era um auxílio imenso. Hoje a situação dos operadores é crítica, pois não dispõem de completo instrumental cirúrgico”, afirma ele.
Havia também uma grande deficiência de médicos e enfermeiros. Um dos momentos mais impactantes para a equipe de reportagem do jornal “Diário Carioca”, que visitou todas as dependências do hospital, acompanhada do Dr. Mário Barbosa, foi quando os repórteres chegaram a uma enfermaria e viram um contínuo enfaixando a faixa de um menino, devido à falta de enfermeiros.
