Por André Luis Mansur
A Estação de Trem de Campo Grande foi construída em um terreno vendido ao governo por Manuel Fernandes Barata, de uma família que tem seu sobrenome ligado a muitas propriedades na então Zona Rural do Rio de Janeiro desde os tempos coloniais. A construção foi dirigida por Celestino Gaspar e os trabalhos tiveram o apoio de uma locomotiva, a Exploradora, que trazia os trilhos e dormentes para a construção da estação, inaugurada em 2 de dezembro de 1878, data de aniversário do Imperador D. Pedro II.
O projeto original, no entanto, não era de se construir a estação no local onde está até hoje, mas sim na área onde se localiza a Estrada Rio do A, o que só não ocorreu porque uma comissão presidida pelo professor Francisco Alves da Silva Castilho se dirigiu à diretoria da Estrada de Ferro D. Pedro II, argumentando que a estação deveria ficar perto da sede do “arraial”, como o centro do bairro se chamava na época. E assim foi feito.
A estação teria uma relação importante com os bondes, instalados no centro de Campo Grande a partir de 1896 e eletrificados de 1917 em diante, com ramais para o Rio da Prata, Ilha de Guaratiba e Pedra de Guaratiba, o que hoje, na linguagem do transporte público, seriam chamados de “alimentadores” do transporte ferroviário. A partir da estação, o bairro de Campo Grande começou a ter um desenvolvimento maior, principalmente na área comercial.
Na década de 20, mais precisamente em 8 de novembro de 1925, o jornal O Estado de S. Paulo noticiava, com a grafia da época, um acidente fatal ocorrido na Estação de Campo Grande, o que ainda acontece com frequência nas nossas poucas ferrovias: “Esmagamento – Rio, 7 – Na estação de Campo Grande, o o sr. Floriano Rangel, empregado público de 40 annos de edade, na occasião em que procurava tomar um trem em movimento, caiu desastradamente, sendo esmagado pelas rodas de um dos carros, sendo retirado morto”.
Com o tempo, a estação seria ampliada e a passagem de nível seria substituída por um túnel, ligando o lado das ruas Coronel Agostinho e Augusto Vasconcelos (antiga rua da Estação) ao lado da rua Barcelos Domingos e rua Campo Grande. Os bondes acabaram em 1967, mas na década de 70 foi inaugurada a Rodoviária de Campo Grande, bem perto da estação, mantendo a conexão entre o trem e seus veículos “alimentadores”.
Foto: Enciclopédia dos municípios brasileiros- Volume VI – IBGE – 1958
