[Artigo] O Reservatório Victor Konder, em Campo Grande (1928)

Por André Luis Mansur

A revista carioca “Vida Doméstica” noticiava, na edição de novembro de 1928, a visita do presidente da República, Washington Luis, ao Reservatório Victor Konder, no Morro do Luis Barata, em Campo Grande. Inaugurado no mês anterior, com capacidade de 19 milhões de litros d´água, “é todo ele coberto de concreto armado, servindo para o abastecimento das localidades suburbanas de Campo Grande, Santa Cruz, Santíssimo, Senador Vasconcelos e Vila Militar”. (Vida Doméstica, novembro de 1928)

Além do presidente Washington Luis, que seria deposto do poder dois anos depois, no golpe militar que colocou Getúlio Vargas na presidência, também estiveram presentes na visita o prefeito do Rio de Janeiro (então Distrito Federal), Antônio da Silva Prado Júnior, e o próprio homenageado no nome do reservatório, Victor Konder, ministro da Viação e Obras Públicas, entre outras autoridades.        

O projeto do reservatório, de arquitetura neocolonial, foi realizado pelo engenheiro Edgard Raja Gabaglia, e a captação de água foi feita através da adutora colocada em afluentes do Rio da Prata do Cabuçu. A Inspectoria de Águas, órgão responsável pelo abastecimento de água do Rio de Janeiro, era comandada pelo engenheiro Belfort Roxo, que depois daria nome a uma cidade da Baixada Fluminense, e tinha como um de seus principais assessores Mário Valadares, nome de uma praça em Campo Grande. Na linha adutora do Morro dos Caboclos, foram colocados canos de 500 quilos, transportados em carretas e depois levados por grupos de 20 homens. Também foram captadas as águas da represa da Batalha e Quininha.

Antes da inauguração do grande sistema de abastecimento do Guandu, nos anos 60, era através de reservatórios como este que os moradores do Rio de Janeiro tinham água em casa. Um dos mais conhecidos foi o Reservatório do Morro da Viúva, no bairro do Flamengo, inaugurado no século XIX e que já está desativado há bastante tempo. Mesmo assim, a população sofria com a falta de água, como ironizavam Vitor Simon e Fernando Martins na marchinha Vagalume: “Rio de Janeiro/Cidade que nos seduz/De dia falta água/De noite falta luz”.

O reservatório Victor Konder, que ficou inativo durante um bom tempo, mas voltou a funcionar em 2013, hoje abastece parte do bairro de Campo Grande, mas recebe água da Estação de Tratamento do Guandu. Devido à iluminação especial recebida há alguns anos, ele pode ser visto de noite em parte do centro do bairro. Seu acesso é feito pela Rua Aratanha. O reservatório recebeu, por enquanto, um tombamento provisório do Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural).

Legendas:
– O Reservatório Victor Konder (Revista da Semana, 1º de fevereiro de 1930)

– O presidente Washington Luis (ao centro), na visita ao reservatório (Vida Doméstica, novembro de 1928) 

– A captação de água no Rio da Prata do Cabuçu (Vida Doméstica, novembro de 1928)

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